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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Palácio Monroe

Foi projetado para ser o Pavilhão do Brasil na Exposição Universal de 1904, ocorrida em Saint Louis, nos Estados Unidos da América. Conforme especificado pela cláusula 1ª do aviso nº 148 de 03 de julho de 1903: "Na construção do Pavilhão se terá em vista aproveitar toda a estrutura, de modo a poder-se reconstruí-lo nesta Capital". Desse modo, o arquiteto e engenheiro militar, Coronel Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, concebeu uma estrutura metálica capaz de ser totalmente desmontada, erguendo-a, como previsto, em Saint Louis.

A imprensa norte-americana não poupou elogios à estrutura, destacando-a pela sua beleza, harmonia de linhas e qualidade do espaço. Na ocasião, o Pavilhão do Brasil foi condecorado com a medalha de ouro no Grande Prêmio Mundial de Arquitetura, o maior certame do gênero, à época. Naquela exposição universal, apenas um outro brasileiro, o pintor Eliseu Visconti, foi condecorado com a medalha de ouro por sua tela "Recompensa de São Sebastião".

Palácio Monroe

Palácio Monroe - Foto: Arquivo O Globo

Após este evento, o monumento foi desmontado e trazido para a então Capital Federal que passava por um processo de modernização sob o comando de Pereira Passos, dando lugar a grandes avenidas e construções. 

Assim, premiado, a estrutura veio ao Brasil e foi montado na região da Cinelândia, bem à direita do obelisco que lá existe até hoje.

Entre os anos de 1914 e 1922, o Palácio Monroe foi sede da Câmara dos Deputados, enquanto o Palácio Pedro Ernesto (Palácio Tiradentes) era construído. Após a inauguração deste, durante as comemorações do primeiro centenário da independência, o Senado Federal passou a utilizar o Palácio Monroe como sua sede.

Finalização da construção do Palácio Monroe. Foto de Augusto Malta

O Palácio Monroe virou palco marcante da República, com marcantes desavenças políticas, como a dissolução do Parlamento durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Em 1960, com a transferência da Capital para Brasília, ele passou a ser sede do Estado-Maior das Forças Armadas.


Palácio Monroe e sua imponente escadaria. Foto: Arquivo O Globo


Palácio Monroe visto da Avenida Rio Branco. 
À direita, o prédio do Bar Amarelinho


Senhoras passeando nos arredores do Palácio


Vista aérea da região da Cinelândia: à esquerda, o famoso relógio do prédio da Mesbla, Cine Odeon (logo atrás do Monroe), Capitolio (hoje em dia, demolido), Hotel Serrador, o Bar Amarelinho, Teatro Municipal (ao fundo) e o Passeio Público


Palácio Monroe na década de 30, após reformas promovidas pelo Senado Federal


Palácio Monroe ainda como Sede do Senado Federal


A partir desse momento, começavam os movimentos pró-preservação dos monumentos históricos da Cidade do Rio de Janeiro. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ganha espaço no cenário, mas forças contrárias ao Palácio começam a tomar conta. A partir da década de 70, principalmente com as obras do metrô, isso aumentou ainda mais. 


Obras do Metrô Cinelândia 


Sempre que se fala no Palácio Monroe, o Metrô automaticamente é citado. O objetivo sempre foi o de um grande esforço para preservá-lo.

A construção  do trecho foi concluída no início de 1976. Houve por parte da então Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro, o cuidado em preservar as edificações históricas que se localizavam ali perto como o Teatro Municipal e a Câmara Municipal. Mas, no caso do Palácio Monroe, a situação era mais complicada, pois sua localização interferia diretamente com a diretriz do traçado ideal.

Portanto, a solução foi fazer uma modificação no traçado original da linha. Um desvio que passaria ao lado Monroe, a fim de que sua demolição fosse poupada. 


Desvio do traçado

Após decidirem e estudarem essa etapa da obra, pôs-se em prática, a construção do desvio. Por causa do terreno e da proximidade das fundações do Monroe, uma moderna tecnologia foi empregada para que tudo corresse bem. O escoramento do terreno foi feito cuidadosamente para que não houvesse perigo dele ceder e pôr em risco o Palácio. As fundações dele eram verificadas, no mínimo, duas vezes por dia.

No final, o Palácio não havia sido abalado em nada e a obra ocasionou um grande sucesso e foi tema de várias matérias em revistas especializadas.


Obras do Metrô


Mas o pior ainda estava por vir e de nada adiantou essa mudança do metrô, pois o então Presidente da República, General Ernesto Geisel, se aproveitou da situação da construção do metrô e autorizou o Patrimônio da União a providenciar a demolição do Monroe em 1976.

Três figuras muito conhecidas do povo brasileiro pediam insistentemente a sua demolição: General Ernesto Geisel (Presidente da República), Roberto Marinho (Jornalista, chefe das Organizações Globo) e Lúcio Costa (Arquiteto).

Já do lado oposto à demolição, estavam arquitetos, CREA, Jornal do Brasil, Serviço Nacional do Teatro, Secretaria Estadual de Educação, outras várias entidades importantes e o povo carioca...

Resumindo: a obra e todos os esforços foram em vão. Todos ficaram com o sentimento de frustração e tristeza, pois viram que todo o trabalho e dedicação em preservar o Monroe foram completamente ignorados. Muitos cariocas e, até mesmo, jornalistas, insistem em dizer que o Metrô foi o único e exclusivo culpado pela demolição do Palácio Monroe.

Então, toda vez que você estiver chegando ou saindo da estação Cinelândia (em direção à zona sul), preste atenção na ligeira curva que o trem faz e lembre-se dessa frase publicada num manifesto contra a demolição:
"... restará aos usuários do Metrô perceberem que, onde foi o Monroe, haverá uma misteriosa curva...".

Depois de aprovada, a demolição do Palácio Monroe ocorreu entre janeiro e março de 1976. 


Demolição do Palácio Monroe - Foto: Acervo O Globo


Palácio Monroe sem as cúpulas - Foto: Acervo O Globo


Funcionário e, aos poucos, o Monroe sendo destruído. Ao fundo, vemos o Teatro Municipal
Foto: Acervo O Globo

Fachada desmontada


Última parede a ser demolida


A empresa contratada para a demolição pagou apenas Cr$ 191.000 (cento e noventa e um mil cruzeiros) com direito de venda de todo o material. Tudo foi vendido: lustres de cristal, vitrais, pinturas valiosas, estátuas de bronze e de mármore...
Vale ressaltar que seis dos dezoito anjos de bronze foram parar em uma fazenda de Uberaba/MG, além de alguns balcões e vitrais. Os leões que ficavam na escadaria da entrada do Palácio, hoje encontram-se no Instituto Ricardo Brennand, em Recife/PE.


 Leões que ficavam na escadaria do Palácio sendo transportados para Recife/PE 
Foto: Alma Carioca


Leões na entrada do Instituo Ricardo Brennand


Leões na entrada do Instituto Ricardo Brennand


O respeito pela história do País, pelo esforço de quem o projetou, do suor dos operários que o construíram foram destruídos única e exclusivamente pelo sentimento de ódio e vingança de um homem, que apoiado pela imprensa manipuladora e pela ideia louca de que o Monroe não deveria existir por não ser representante da arquitetura brasileira. 

Terminada a demolição, o terreno ficou vazio e as obras da estação Cinelândia continuaram. A partir daí, o Metrô passou a ser o vilão da história.


Terreno vazio


No lugar do Monroe, hoje encontra-se uma praça chamada de Praça Mahatma Gandhi e nela encontra-se um belo chafariz que originalmente foi colocado na Praça XV, depois passou para a Praça XI, praça da Bandeira e terminou no lugar do Palácio Monroe pouco tempo depois da sua demolição. Foi comprado na Áustria em 1878, pelo Governo Imperial. Em homenagem ao Palácio, é chamado de Chafariz do Monroe. 


Chafariz Monroe, localizado na Praça Mahatma Gandhi


Foto aérea da Praça Mahatma Gandhi, ocupando toda a área do antigo Palácio Monroe


Chafariz do Monroe


Em 2002, foi lançada a ideia de reconstrução do Monroe, mas a mesma foi engavetada. No mesmo ano, durante a construção do estacionamento subterrâneo que se localiza debaixo da praça onde ele ficava, os operários encontraram uma caixa metálica contendo vários objetos relativos à construção do Monroe. Entre esses objetos estavam uma pedra do Palácio e uma edição especial do Jornal do Brasil. Esse material foi entregue à Biblioteca Nacional e hoje está em poder da Secretaria de Cultura.


Praça Mahatma Gandhi. 
Na parte de baixo da foto, vemos a entrada do estacionamento subterrâneo 
Santa Luzia, inaugurado em 2007.


Resumindo: sobraram apenas fotos, memórias, lembranças e lágrimas...












6 comentários:

  1. Respostas
    1. Realmente, é uma história emocionante. Absurdo o que fizeram com o Monroe... Obrigada por comentar!

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  2. Respostas
    1. Obrigada pelo comentário! A história do Monroe é fascinante!

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  3. Excelente!!! Muito obrigada pelas informações. Não conhecia a história do Palácio.

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